domingo, 19 de julho de 2009

Artigo: Amor? Missão Impossível...


Artigo


É sábado à noite. Uma lua incrível ilumina a cidade lá fora. E você, ai parada embaixo de suas cobertas com o cabelo parecendo um ninho de pombo, e dos mais sujos que existem. De repente um telefoma: "Alô amiga vamos numa balada irada esta noite e você não pode perder, terão bofes maravilhosos e vamos beber todas até cair".

Hã? Você se pergunta: "Por que vou trocar o prazer de ficar no meu sofá, quentinho, vendo minha televisão, comendo várias porcarias para ficar suando no meio de um monte de gente que eu nem conheço?". Ok! Vamos ver no que isso irá dar. Então, você como se tivesse sendo puxada por um guindaste, levanta de sua caverna, e vai para o chuveiro tirar aquela inhaca de cigarro, escova os dentes para tirar o gosto da vodca que tomava, e vai para frente do seu guarda-roupas.

Mais um desespero: "QUE ROUPA VOU USAR?!?!" Este é o drama de todas as mulheres que estão com mais de 30 anos. Decotado demais, os peitos podem fugir, pois não têm mais a rigidez de quando tinha 20 anos, saia muito curta poderiam te chamar de uma prostituta, já que com esta cara cheia de rugas que começam a aparecer na sua face seria ridículo. Será o caos?

Calma, o velho e maravilhoso vestido preto, com um decote adequado a sua idade, uma bota maravilhosa, uma bolsa espetacular, e o momento de deixar a cabeleireira com um ar menos imundo quanto a um ninho de pombos. Escova, piastras, bobs e todos os esforços possíveis para o perfeito cabelo liso e lindo que todos esperam. A maquiagem sobrecarregando seus olhos, isso mesmo, seus olhos eram marcantes, bonitos, e quem sabe poderiam desviar os olhares dos mais afoitos, ou bêbados da noite de sua imensa BUNDA!

Pronta para a caça, lá partiu a coitada com as amigas, ouvindo um som de Nelly Furtado ao último volume - mas quem é esta mesmo? Não tem ai Billie Jean? - Tudo bem... O tempo passa, temos que estar adequados as modernidades e isso também vale para a música. Chegam na tal balada. O primeiro impacto: "Meu Deus, parecem uma manada de búfalos todos vestidos da mesma forma, tomando a mesma bebida e com os dedinhos para cima dançando uma música que ninguém entende a letra".

Claro fora o gelo seco, que mais te deixa com renite do que cria um clima de sedução. E as mulheres, ou meninas, pois a cada dia que passa, parece que a idade para sair de casa está diminuindo, basta sentar no meio fio, e encostar os pés no chão que já estão prontas para o abate. É isso mesmo que ficou retratado na retina da pobre trintona. Tinha a impressão que estava em um abatedouro pronta para virar um filé ou um salame, depende da preferência do freguês.

E ainda dizem que não ficar em casa embaixo das cobertas não é viver? E viver é ser caçado como uma lebre no meio de uma moita e tremendo de medo de ser pega por um caçador fedido a gelo seco e com gosto de wiskie barato na boca? Não! Isso não é necessário para ser feliz. Ou é? Quanta confusão.

De repente você olha para os lados e todas as suas amigas estão agarradas com estes caçadores imundos, e o pior, elas estão com cara de satisfeitas. De certa forma, acho que um show de metal seria menos dolorido do que tal cena dantesca, ao menos saberia que lá existem seres escrotos e que pouco ligam em ficar com seus dedinhos levantados pra cima pagando banca.

O melhor a fazer é correr para o brete da saída, e torcer para que não leve uma martelada na cabeça e não seja abatida por um peão maluco. E assim foi. Um alívio. Ilesa, sozinha e sem gostos ruins na boca, e nem com remorços de algumas passadas de mão na sua gigante bunda. Porém, os cabelos, depois de doses de bebida jogada pra cima e misturada com o gelo seco, acabou voltando a se tornar o velho amigo ninho de pombo, porém sem nenhum macho empulerado nele.

A verdadeira caça pela sobrevivência da espécie está cada vez mais estranha e menos romântica. Não existem mais homens que mandem flores para conquistar uma dama, o que existem são bares para solteirões que ficam em suas mesas enchendo a cara de chopp quente e mandando tchauzinho para mesas com moças loiras e escovadas.

Onde foi parar o romantismo? Virou peça de museu? Artefato de luxo em alguma loja de bacana? Ou simplesmente foi abolido por nós mulheres que tão preocupadas em concorrer no mundo e sermos independentes afugentamos os homens românticos que estão em suas casas, embaixo de algum cobertos, comendo pipoca e vendo algum filme qualquer?

Acredito que sim... Então meninos que estão em suas cavernas, saiam e corram para a rua, que ainda têm meninas dispostas por algo realmente que não seja uma caça desenfreada e sim que rezam para terem o prazer da conquista.

6 comentários:

Gustavo Ferrari disse...

O romanstismo está extinto. Isso é fato. Por outro lado, as mulheres deixaram de exigir seriedade dos seus parceiros, sejam eles ficantes, rolos, namorados...

Dessa forma, vemos mulheres e homens que poderiam estar dispostos a levar um romance sério em situações constrangedoras, praticando sexo casual ou simplesmente atiçando o instinto animal, sem nenhum compromisso.

Resultado: ninguém é de ninguém em bares, casas noturnas, festas particulares. Com isso, perde-se o homem, que procura, apenas, 'computar' pontos; perde-se a mulher, que está sendo usada, e parece gostar de tal situação.

Assim, temos menos casais, menos pares românticos, mais pessoas se expondo a situações de risco... A balada de hoje está 'infestada' de menores de idade. O povo que envelhece, reclama. Mas partilha dessa culpa.

Qual é a saída, então? Aposto na atitude. Você, mulher, que está interessada em um rapaz, saiba seduzi-lo. Depois, aja com inteligência. Saiba que relacionamento significa dividir ideias, pensamentos, gostos...

Você não ficará sozinha!

Khaled disse...

Não. O romantismo não morreu. Eu sou romântico. E afirmo: existem muitos por aí. O problema é que eles estão tão perto das mulheres que elas ficam cegas. E vão procurar na balada, onde é raro achar alguém que está interessado em compromisso.

Maíra Rabassa disse...

Muito legal o seu comentário Gustavo. Realmente todos nós somos culpados por estarmos na situação onde chegamos. E todos, sejam homens ou mulheres somos culpados por isso. Mas, ainda acreditamos que poderemos chegar a um denominador comum, porém irá depender da consciência de cada um dos objetos em questão em compreender que não estão sozinhos no mundo e que um dia a força para manter caçando irá perder, e quando notar estará sozinho na planicie, sem ninguém, com frio e passando fome. E quando ver, vem um bicho maior e devorará a sua vida. Bem, é a Lei da Natureza. Nua e Crua.

Vamos lá amigos, comentem, critiquem, o que acham da nova forma de sedução que está deixando muita gente sozinha pelos cantos?

Anônimo disse...

então, hoje quando voce tenta chegar em qualquer mulher em qualquer lugar sem chegar chegando, voce fica taxado como "sem pegada". existem casos onde complimentar ou puxar uma conversa tambem desqualifica voce.
por estes motivo que acabamos no sofa ou na cadeira do micro sozinhos na espera de um dia durante uma saida para o apastecimento da casa ou trabalho conheça alguem

beijos
p.s. esta da historia é voce?

Unknown disse...

Eu concordo que o amor e consequentemente o romantismo estão se tornando objetos de luxo, raros nos tempos atuais. Acredito que todo o processo evolutivo (se é que podemos chamar certas atitudes que vemos de evolução) tem contribuído para que as relações se tornem cada vez mais superficiais. Assim como vivemos na época dos materiais descartáveis, estamos "construindo" relações cada vez mais descartáveis. O ser humano, tanto o homem quanto a mulher, está gradativamente perdendo o seu valor. Enxergamos o outro apenas como um objeto que será usado para satisfação de nossas necessidades momentâneas de sexo, carinho, companhia. O lance é sair pra balada pra “pegar”, mesmo que muitas vezes nem seja preciso saber o nome, o que vale é a quantidade, "mais figurinhas para o albinho" como diria um amigo meu. A beleza física sobrepõe-se ao cérebro, pois não sentimos mais a necessidade conversar, de debater ideias interessantes, as línguas conversam sozinhas. Velhos tempos aqueles onde os namoros começavam nas praças, nos coretos, onde as primeiras conversas eram feitas apenas com olhares, com sorrisos e recadinhos trocados. O que fizeram com as serenatas, com as flores? Por que as famílias não participam mais das nossas relações? Por que ser romântico hoje dia é motivo se escárnio? São tantas perguntas sem respostas que me fazem crer que talvez em muitas noites seja mais interessante ficar debaixo do meu cobertor, comendo pipoca e assistindo aquele filme pela décima vez do que sair e me deparar com a tamanha banalização das relações humanas que assola o mundo de hoje. Sei que não podemos desistir e permitir que o amor seja extinto, pode ser que com bons exemplos poderemos espelhar outras pessoas em buscar relações mais verdadeiras e mais profundas.

Obs: Embora o assunto seja sério, quase passei mal de tanto rir dessa parte: “ parece que a idade para sair de casa está diminuindo, basta sentar no meio fio, e encostar os pés no chão que já estão prontas para o abate”. Infelizmente é a realidade. Parabéns pela matéria Maira e mais uma vez, FELIZ DIA DO AMIGO!

Cris.

Filipe disse...

Muito bom este texto. Merecia ir para o jornal.

Só senti falta da autora que o escreveu...

=*

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