Artigo
Muitas pessoas perguntaram-me hoje qual era minha opinião quanto à decisão imoral do Supremo Tribunal Federal quanto à legitimidade do diploma de jornalista. O que irei escrever aqui, meus amigos internautas, colegas de categoria, que me acompanham há 11 anos nesta carreira é um desabafo de quem já passou por muitas coisas para estar “viva”, isso mesmo, VIVA até hoje e ainda acreditando que é capaz de mudar opiniões e mostrar a verdade, doa a quem doer.
Confesso, que na noite desta quarta-feira (17), enquanto eu acompanhava os andamentos do processo no STF, onde oito nobres ministros julgaram a minha vida daqui para frente, sem ao menos perguntarem a minha opinião quanto a isso, senti uma certa gastura, um nó na garganta e uma imensa fraqueza na alma. Para que eu sirvo? Para onde vou? Por que denunciei e fiz minha parte como jornalista?
Neste tempo fui em vários veículos de comunicação, lutando para que nossa categoria fosse respeitada, sofrendo ameaças de donos de veículos – sim, recebi ligações, e-mails, e fui podada de trabalhar novamente em meios por onde passei e denunciei abusos contra meus colegas, quando fui diretora Executiva do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, na gestão 2006/2007.
Dei minha cara a tapa por colegas que não recebiam o piso da categoria. Fui no Ministério do Trabalho (sozinha) levar denúncias de assessorias de imprensa sendo ocupadas por marionetes políticas. Briguei com donos de jornais e os denunciei por não cumprirem a carga horária estabelecida em convenção coletiva da categoria. Fui chamada de maluca por alguns, e de “peituda”(corajosa) por outros.
Mas, no fundo, quem eu sou? Há mais de 60 anos, meu avô, Sérgio Félix Rabassa, que não era jornalista formado, pois não havia faculdades de comunicação naquela época, brigou com muitos donos de jornais, e assim como eu, sofreu retaliações por querer salários justos e qualificação dos profissionais que os veículos contratavam. E em conjunto com outros profissionais, foi fundador do Sindicato dos Radialistas do Rio Grande do Sul. Na esperança que os futuros comunicadores tivessem garantias trabalhistas e dignidade para exercerem sua profissão sem medo de levar um tiro na cabeça.
Sim, meu avô era da época que jornalista andava com arma na cintura com medo de levar um tiro pelas costas de algum fazendeiro rico, ou de algum político corrupto que não aceitasse as denuncias por eles feitas. E vejo que uma realidade vivida há 60 anos pouco mudou nos dias de hoje. Ainda somos reféns de grupos obscuros que querem enfraquecer a opinião pública para poderem transformar os veículos de comunicação em uma verdadeira fábrica de fazer pão de queijo, ou então, de sopa de galinha. Haja vista que cozinheiro precisa de diploma!
Vergonha? Talvez, mas o que sinto é um vazio imenso por anos lutando por algo que acreditava ser o meio por onde eu pudesse alertar as pessoas menos esclarecidas, ou outras que não tivessem a chance de estar lado a lado com a notícia, e levar a eles os bastidores da informação e o quanto é complicado ser um bom jornalista em nosso País.
Lembro de denúncias graves que um dia fiz quando repórter do Jornal Tribuna do Dia, ou do Jornal da Manhã – Criciúma (SC) – onde a minha única garantia de verdade era uma fonte (pessoa) que passava os dados, sem se identificar já que tinha medo de sofrer retaliações, mas que confiava na minha ética em afirmar que: “Não se preocupe, nem diante de um juiz, um jornalista revela suas fontes. Isso está na Lei”.
Que Lei? Como vamos garantir que nossas fontes continuem abastecendo nossos celulares, E-mails, caixas de correios com informações que abrem a caixa de pandora de vários setores da sociedade se eles não terão mais a nossa garantia de que não iremos expor eles quando um juiz nos cobrar de onde buscamos a informação?
Países como Irã, Coréia do Norte, Cuba, entre outros, considerados comunistas, repressores, ou ditatoriais, possuem suas faculdades de jornalismo, e seus profissionais de comunicação são diplomados, justamente para garantir que o que falam, de seus governos, seja feita de forma correta. Diante disso, gostaria de saber a opinião de deputados, senadores, ministros e do presidente da República, que tanto precisaram de nós jornalistas para estar onde estão hoje quanto a este fato.
O Brasil hoje vive o maior retrocesso da história da humanidade quando o assunto é liberdade de imprensa, de expressão e qualificação profissional. Estamos soltos a uma anarquia imposta por oito ministros do STF que já mostraram possuir suas condutas duvidosas, como, por exemplo, soltar bandidos de colarinho branco, como Daniel Dantas.
Meus finais de semana nas redações, horas sem dormir, insônia, ligações anônimas para meus telefones, um ataque na rua a mando de “alguém”, e uma Síndrome do Pânico foram certamente em vão, pois nada mais sou do que alguém sem profissão!
Por,
Maíra Rabassa
Jornalista SC 1886
Ex-Diretora Executiva do Sindicato dos Jornalistas SC
Abaixo alguns opiniões de pessoas de vários setores da sociedade quanto a queda do diploma do jornalista e suas possíveis consequências no futuro.
Obrigatoriedade de um diploma!
“Esse lance de não exigir diploma é complicado. Eu até concordo que têm muitos profissionais que trabalham bem sem ter diploma, mas é sacanagem com que rala quatro anos numa faculdade. Eu sinto isso na pele, sou formado em turismo e minha profissão nem é regulamentada, portanto, qualquer um pode exercê-la livremente. Ainda bem que estou trabalhando na área, mas vejo colegas meus que estão migrando para outros setores pela falta de espaço no mercado. Acho que a não exigência de um diploma pode causar na redução do interesse pela busca de um curso superior, não apenas de Jornalismo ou Turismo, mas em qualquer área. É claro que sem vocação, talvez mesmo com o curso superior a pessoa não consiga ser bem sucedida, entretanto, penso que uma graduação não é apenas um conhecimento técnico, especifico, é mais do que isso é uma abertura da mente para muitas coisas importantes para a construção do nosso Ser.”
Cristiano Silva, profissional de Turismo (Uberaba-MG)
Repúdio a decisão
“Olha Maíra, repudiei essa decisão do supremo... Meus pêsames a você, e a todos que como você se mataram de estudar pra ter um diploma de jornalista”.
Jetra Scatena Benute, músico (São Paulo-SP)
Crime!
“Gostaram da aberração jurídica de um Supremo Tribunal completamente dissociado com o dia a dia de uma Nação? Se esses senhores se declaram incompetentes para julgar a devolução de um menininho americano de volta ao pai, com que direito divino se arvoram a aniquilar com a profissão de Jornalista? Nem na Ditadura Militar se viu uma ilegalidade tão criminosa como esta, e por maioria (8 a 1)! Agora se compreende as absolvições criminosas que temos presenciado ultimamente em sentenças expedidas por tão ‘egrégio’ tribunal, como a soltura de Daniel Dantas, entre outros patifes. Um crime que lesa a Pátria, e não apenas uma categoria. A história irá nos cobrar esse momento negro. Sinto-me envergonhado em ser brasileiro nestas horas! Estes patifes mancham a história do Brasil!”
Jorge Félix Rabassa, presidente do Grupo de Escoteiros de Içara (Içara-SC) – Meu pai.
Diploma JNL = Papel Higiênico
“Companheiros (as): Roupa preta ou uma faixa de luto no braço amanhã. Proteste!”
Emerson Teixeira, jornalista diplomado (Criciúma-SC)
Consciência limpa
“Eu teria vergonha de não ter feito Faculdade de Jornalismo e me dizer jornalista. O diploma vale muito, pelo menos valorizo muito o meu. Não garante meu emprego, mas me garante com a consciência limpa.”
Altair Maganin, jornalista diplomado (Criciúma-SC)
Absurdo!
“É um absurdo o que acabaram de aprovar, foi um atentado contra nós futuros jornalistas, e contra os jornalistas que já são formados... Simplesmente perdemos o direito ao DIPLOMA... Um ato de inconsciência, consentido por 8 dos 9 ministros do STF nesta quarta-feira... Retrocesso total. Não dá pra acreditar.”
Liana Fernandes, acadêmica 4ª fase – Jornalismo – SATC (Criciúma-SC)
Exigência do Diploma
"É preciso esclarecer que o que acabou foi a exigência do diploma, mas não a validade. Isso quer dizer que jornalistas formados sempre terão mais destaque no mercado. Portanto, não podemos desanimar. Bola pra frente!”
Khaled Salama, jornalista diplomado (Araranguá-SC)
Direitos
“Ninguém pode tirar o conhecimento de um jornalista, mas é importante ressaltar a importância de não perder novos direitos”.
Alexandre Aquino, produtor de vídeos (Nova Veneza, Caravaggio – SC)
Liberdade de expressão?
“Caiu a regulamentação do diploma para os jornalistas... De acordo com a juíza, “feria a liberdade de expressão, pois todos têm direito à ela”. Bom, eu sempre tive habilidade para descobrir quando estão tentando me enganar, tenho boa oratória e sei defender-me muito bem. Acho que vou ser advogada nas horas vagas! Afirmação ridícula essa minha né? Pior ainda foi a decisão da juíza. Do que adianta jovens como eu, trabalhando, frequentando uma faculdade, surtando com os trabalhos, professores, para quê? Se nem temos um diploma, uma garantia de que nossos direitos serão respeitados. A profissão de jornalista sempre foi prostituída, confundida com a de atores, exposta a um falso glamour, ideologias que não condizem com as tarefas cotidianas.”
Bruna Borsatto Soratto, acadêmica 3ª fase – Jornalismo SATC (Criciúma-SC)
Vamos trabalhar!
“É incontestável o quanto o diploma enriquece o profissional e toda a categoria. Vamos trabalhar. Assim mostramos quem são melhores jornalistas”.
Fabíola Goulart, jornalista diplomada (Criciúma-SC)
Alguém corrija a Wikipedia!
“A decisão dos ‘nossos amigos’ do STF causou furor entre os diplomados e graduandos em comunicação por todo o país. E não é para menos. Muitos de nós passamos (correção: perderam) alguns anos sentados em uma cadeira universitária para entender os meandros da profissão, estudar conceitos, conhecer as técnicas antes de sair por aí com um gravador ou um bloco em mãos. Pois bem, mas não foi tudo jogado fora. Fizemos amigos, criamos alianças, conhecemos o parceiro para o resto de nossas vidas. E também aprendemos Jornalismo. Sem necessidade, segundo o STF, mas aprendemos. E esta mesma decisão causou ainda um grande problema na Wikipedia, a maior enciclopédia virtual do planeta. Acompanhe o texto sobre a palavra JORNALISMO: Jornalismo é a atividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados factuais e divulgação de informações. Também se define o Jornalismo como a prática de coletar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos atuais. Jornalismo é uma atividade de Comunicação. Ao profissional desta área dá-se o nome de jornalista. O jornalista pode atuar em várias áreas ou veículos de imprensa, como jornais, revistas, televisão, rádio, websites, weblogs, assessorias de imprensa, entre muitos outros. Tal como a atividade de cozinheiro, palhaço ou costureira, o jornalismo é uma profissão séria no Brasil. Identificou o erro?”
Thiago Antunes, jornalista/fotojornalista diplomado (Tubarão-SC)
Na contramão dos avanços
“Os ministros vão na contramão dos avanços conquistados nos últimos anos, onde incluia-se a exigência de uma qualificação para exercer profissão regulamentada de Jornalista. Uma pena! Concluí o curso de Jornalismo na Unisul de Tubarão no final de 2008 e não me arrependo por ter feito a graduação. Escrever qualquer um escreve. Que diga os nossos Blogs do dia a dia e Twitters da vida. Porém, ter a responsabilidade sobre aquilo que é dito e a consciência do que é publicado, a partir do momento em que se trabalha num veículo de comunicação que abrange a grande população, o banco acadêmico para o Jornalismo é fundamental.”
Felipe Casagrande, jornalista diplomado (Criciúma-SC)
Amo minha profissão!
“Essa é a minha profissão, que amo desde os meus 14 anos. Deixei o valor de um apartamento para os donos da universidade. Trabalhei em dois empregos ao mesmo tempo pra poder pagá-la. Sacrifiquei horas de sono pelo TCC e chorei na minha formatura e quando peguei meu diploma e meu registro profissional. Briguei pelos meus direitos, sofri vendo amigos discriminados, mesmo eles tendo diploma. E tudo isso pra saber agora, que todo meu sacrifício nesses oito anos de profissão foi derrubado por um bando de gente que só tem o interesse em baratear os custos de suas redações já que infelizmente a politicagem é dona da maior parte dos órgãos de comunicação dentro dos seus estados. Dessa vez choro de tristeza, de agonia e de raiva, por não saber o que fazer do meu amanhã. Esse infelizmente é o meu ridículo País. A ARTE DE SER JORNALISTA é para poucos. Eu tenho certeza disso. Ação Coletiva contra o governo Já... Já que pra eles a faculdade não forma o jornalista, e sim cozinheiros, quero o meu dinheiro de volta.”
Michelle Veiga, jornalista diplomada (natural de Santos-SP, mas radicada em Criciúma-SC)
E quem poderá sonhar a partir de agora?
"Quando eu era criança eu tinha um sonho. O sonho de ser uma jornalista. E para isso, era necessário estudar, fazer uma faculdade, conquistar um diploma. Para realizar este sonho, foram muitos obstáculos vencidos. Horas numa BR-101 não duplicada, correndo risco de morte e ainda pagando caro por isso. O meu esforço em realizar este sonho não tem preço e o orgulho de ter o diploma não valeria de nada se não tivesse aprendido, nos bancos da faculdade, a ética e responsabilidade necessárias para levar a informação com credibilidade ao leitor que estará ávido pela informação. O talento de saber escrever é o mínimo. Nem todo mundo que escreve uma redação para vestibular e tira 10, ou quem escreve artigos, um livro, ou sabe falar bem e tem desenvoltura em frente às câmeras ou aos microfones será um bom jornalista. Jornalismo é apurar, juntar fatos, versões, correr atrás dos acontecimentos. Como categoria, perdemos nossa dignidade. Como pessoa, vi transformado em pó tudo aquilo que almejei. Espero que os olhos da sociedade se abram e que esse momento, apesar de lamentável, um verdadeiro retrocesso, seja um primeiro passo para alguma mudança positiva."
Patrícia Nonnenmacher – Jornalista diplomada (Criciúma - SC)
Matéria atualizada às 18h19min (18-06-2009)
Mande sua opinião para os emails: maira@mairarabassa.com.br, mairarabassa@gmail.com, mairarabassa@hotmail.com ou então deixe seu comentário em nossa caixa de comentários aqui neste post. A LIBERDADE DE IMPRENSA AGRADECE SUA OPINIÃO!
Muitas pessoas perguntaram-me hoje qual era minha opinião quanto à decisão imoral do Supremo Tribunal Federal quanto à legitimidade do diploma de jornalista. O que irei escrever aqui, meus amigos internautas, colegas de categoria, que me acompanham há 11 anos nesta carreira é um desabafo de quem já passou por muitas coisas para estar “viva”, isso mesmo, VIVA até hoje e ainda acreditando que é capaz de mudar opiniões e mostrar a verdade, doa a quem doer.
Confesso, que na noite desta quarta-feira (17), enquanto eu acompanhava os andamentos do processo no STF, onde oito nobres ministros julgaram a minha vida daqui para frente, sem ao menos perguntarem a minha opinião quanto a isso, senti uma certa gastura, um nó na garganta e uma imensa fraqueza na alma. Para que eu sirvo? Para onde vou? Por que denunciei e fiz minha parte como jornalista?
Neste tempo fui em vários veículos de comunicação, lutando para que nossa categoria fosse respeitada, sofrendo ameaças de donos de veículos – sim, recebi ligações, e-mails, e fui podada de trabalhar novamente em meios por onde passei e denunciei abusos contra meus colegas, quando fui diretora Executiva do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, na gestão 2006/2007.
Dei minha cara a tapa por colegas que não recebiam o piso da categoria. Fui no Ministério do Trabalho (sozinha) levar denúncias de assessorias de imprensa sendo ocupadas por marionetes políticas. Briguei com donos de jornais e os denunciei por não cumprirem a carga horária estabelecida em convenção coletiva da categoria. Fui chamada de maluca por alguns, e de “peituda”(corajosa) por outros.
Mas, no fundo, quem eu sou? Há mais de 60 anos, meu avô, Sérgio Félix Rabassa, que não era jornalista formado, pois não havia faculdades de comunicação naquela época, brigou com muitos donos de jornais, e assim como eu, sofreu retaliações por querer salários justos e qualificação dos profissionais que os veículos contratavam. E em conjunto com outros profissionais, foi fundador do Sindicato dos Radialistas do Rio Grande do Sul. Na esperança que os futuros comunicadores tivessem garantias trabalhistas e dignidade para exercerem sua profissão sem medo de levar um tiro na cabeça.
Sim, meu avô era da época que jornalista andava com arma na cintura com medo de levar um tiro pelas costas de algum fazendeiro rico, ou de algum político corrupto que não aceitasse as denuncias por eles feitas. E vejo que uma realidade vivida há 60 anos pouco mudou nos dias de hoje. Ainda somos reféns de grupos obscuros que querem enfraquecer a opinião pública para poderem transformar os veículos de comunicação em uma verdadeira fábrica de fazer pão de queijo, ou então, de sopa de galinha. Haja vista que cozinheiro precisa de diploma!
Vergonha? Talvez, mas o que sinto é um vazio imenso por anos lutando por algo que acreditava ser o meio por onde eu pudesse alertar as pessoas menos esclarecidas, ou outras que não tivessem a chance de estar lado a lado com a notícia, e levar a eles os bastidores da informação e o quanto é complicado ser um bom jornalista em nosso País.
Lembro de denúncias graves que um dia fiz quando repórter do Jornal Tribuna do Dia, ou do Jornal da Manhã – Criciúma (SC) – onde a minha única garantia de verdade era uma fonte (pessoa) que passava os dados, sem se identificar já que tinha medo de sofrer retaliações, mas que confiava na minha ética em afirmar que: “Não se preocupe, nem diante de um juiz, um jornalista revela suas fontes. Isso está na Lei”.
Que Lei? Como vamos garantir que nossas fontes continuem abastecendo nossos celulares, E-mails, caixas de correios com informações que abrem a caixa de pandora de vários setores da sociedade se eles não terão mais a nossa garantia de que não iremos expor eles quando um juiz nos cobrar de onde buscamos a informação?
Países como Irã, Coréia do Norte, Cuba, entre outros, considerados comunistas, repressores, ou ditatoriais, possuem suas faculdades de jornalismo, e seus profissionais de comunicação são diplomados, justamente para garantir que o que falam, de seus governos, seja feita de forma correta. Diante disso, gostaria de saber a opinião de deputados, senadores, ministros e do presidente da República, que tanto precisaram de nós jornalistas para estar onde estão hoje quanto a este fato.
O Brasil hoje vive o maior retrocesso da história da humanidade quando o assunto é liberdade de imprensa, de expressão e qualificação profissional. Estamos soltos a uma anarquia imposta por oito ministros do STF que já mostraram possuir suas condutas duvidosas, como, por exemplo, soltar bandidos de colarinho branco, como Daniel Dantas.
Meus finais de semana nas redações, horas sem dormir, insônia, ligações anônimas para meus telefones, um ataque na rua a mando de “alguém”, e uma Síndrome do Pânico foram certamente em vão, pois nada mais sou do que alguém sem profissão!
Por,
Maíra Rabassa
Jornalista SC 1886
Ex-Diretora Executiva do Sindicato dos Jornalistas SC
Abaixo alguns opiniões de pessoas de vários setores da sociedade quanto a queda do diploma do jornalista e suas possíveis consequências no futuro.
Obrigatoriedade de um diploma!
“Esse lance de não exigir diploma é complicado. Eu até concordo que têm muitos profissionais que trabalham bem sem ter diploma, mas é sacanagem com que rala quatro anos numa faculdade. Eu sinto isso na pele, sou formado em turismo e minha profissão nem é regulamentada, portanto, qualquer um pode exercê-la livremente. Ainda bem que estou trabalhando na área, mas vejo colegas meus que estão migrando para outros setores pela falta de espaço no mercado. Acho que a não exigência de um diploma pode causar na redução do interesse pela busca de um curso superior, não apenas de Jornalismo ou Turismo, mas em qualquer área. É claro que sem vocação, talvez mesmo com o curso superior a pessoa não consiga ser bem sucedida, entretanto, penso que uma graduação não é apenas um conhecimento técnico, especifico, é mais do que isso é uma abertura da mente para muitas coisas importantes para a construção do nosso Ser.”
Cristiano Silva, profissional de Turismo (Uberaba-MG)
Repúdio a decisão
“Olha Maíra, repudiei essa decisão do supremo... Meus pêsames a você, e a todos que como você se mataram de estudar pra ter um diploma de jornalista”.
Jetra Scatena Benute, músico (São Paulo-SP)
Crime!
“Gostaram da aberração jurídica de um Supremo Tribunal completamente dissociado com o dia a dia de uma Nação? Se esses senhores se declaram incompetentes para julgar a devolução de um menininho americano de volta ao pai, com que direito divino se arvoram a aniquilar com a profissão de Jornalista? Nem na Ditadura Militar se viu uma ilegalidade tão criminosa como esta, e por maioria (8 a 1)! Agora se compreende as absolvições criminosas que temos presenciado ultimamente em sentenças expedidas por tão ‘egrégio’ tribunal, como a soltura de Daniel Dantas, entre outros patifes. Um crime que lesa a Pátria, e não apenas uma categoria. A história irá nos cobrar esse momento negro. Sinto-me envergonhado em ser brasileiro nestas horas! Estes patifes mancham a história do Brasil!”
Jorge Félix Rabassa, presidente do Grupo de Escoteiros de Içara (Içara-SC) – Meu pai.
Diploma JNL = Papel Higiênico
“Companheiros (as): Roupa preta ou uma faixa de luto no braço amanhã. Proteste!”
Emerson Teixeira, jornalista diplomado (Criciúma-SC)
Consciência limpa
“Eu teria vergonha de não ter feito Faculdade de Jornalismo e me dizer jornalista. O diploma vale muito, pelo menos valorizo muito o meu. Não garante meu emprego, mas me garante com a consciência limpa.”
Altair Maganin, jornalista diplomado (Criciúma-SC)
Absurdo!
“É um absurdo o que acabaram de aprovar, foi um atentado contra nós futuros jornalistas, e contra os jornalistas que já são formados... Simplesmente perdemos o direito ao DIPLOMA... Um ato de inconsciência, consentido por 8 dos 9 ministros do STF nesta quarta-feira... Retrocesso total. Não dá pra acreditar.”
Liana Fernandes, acadêmica 4ª fase – Jornalismo – SATC (Criciúma-SC)
Exigência do Diploma
"É preciso esclarecer que o que acabou foi a exigência do diploma, mas não a validade. Isso quer dizer que jornalistas formados sempre terão mais destaque no mercado. Portanto, não podemos desanimar. Bola pra frente!”
Khaled Salama, jornalista diplomado (Araranguá-SC)
Direitos
“Ninguém pode tirar o conhecimento de um jornalista, mas é importante ressaltar a importância de não perder novos direitos”.
Alexandre Aquino, produtor de vídeos (Nova Veneza, Caravaggio – SC)
Liberdade de expressão?
“Caiu a regulamentação do diploma para os jornalistas... De acordo com a juíza, “feria a liberdade de expressão, pois todos têm direito à ela”. Bom, eu sempre tive habilidade para descobrir quando estão tentando me enganar, tenho boa oratória e sei defender-me muito bem. Acho que vou ser advogada nas horas vagas! Afirmação ridícula essa minha né? Pior ainda foi a decisão da juíza. Do que adianta jovens como eu, trabalhando, frequentando uma faculdade, surtando com os trabalhos, professores, para quê? Se nem temos um diploma, uma garantia de que nossos direitos serão respeitados. A profissão de jornalista sempre foi prostituída, confundida com a de atores, exposta a um falso glamour, ideologias que não condizem com as tarefas cotidianas.”
Bruna Borsatto Soratto, acadêmica 3ª fase – Jornalismo SATC (Criciúma-SC)
Vamos trabalhar!
“É incontestável o quanto o diploma enriquece o profissional e toda a categoria. Vamos trabalhar. Assim mostramos quem são melhores jornalistas”.
Fabíola Goulart, jornalista diplomada (Criciúma-SC)
Alguém corrija a Wikipedia!
“A decisão dos ‘nossos amigos’ do STF causou furor entre os diplomados e graduandos em comunicação por todo o país. E não é para menos. Muitos de nós passamos (correção: perderam) alguns anos sentados em uma cadeira universitária para entender os meandros da profissão, estudar conceitos, conhecer as técnicas antes de sair por aí com um gravador ou um bloco em mãos. Pois bem, mas não foi tudo jogado fora. Fizemos amigos, criamos alianças, conhecemos o parceiro para o resto de nossas vidas. E também aprendemos Jornalismo. Sem necessidade, segundo o STF, mas aprendemos. E esta mesma decisão causou ainda um grande problema na Wikipedia, a maior enciclopédia virtual do planeta. Acompanhe o texto sobre a palavra JORNALISMO: Jornalismo é a atividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados factuais e divulgação de informações. Também se define o Jornalismo como a prática de coletar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos atuais. Jornalismo é uma atividade de Comunicação. Ao profissional desta área dá-se o nome de jornalista. O jornalista pode atuar em várias áreas ou veículos de imprensa, como jornais, revistas, televisão, rádio, websites, weblogs, assessorias de imprensa, entre muitos outros. Tal como a atividade de cozinheiro, palhaço ou costureira, o jornalismo é uma profissão séria no Brasil. Identificou o erro?”
Thiago Antunes, jornalista/fotojornalista diplomado (Tubarão-SC)
Na contramão dos avanços
“Os ministros vão na contramão dos avanços conquistados nos últimos anos, onde incluia-se a exigência de uma qualificação para exercer profissão regulamentada de Jornalista. Uma pena! Concluí o curso de Jornalismo na Unisul de Tubarão no final de 2008 e não me arrependo por ter feito a graduação. Escrever qualquer um escreve. Que diga os nossos Blogs do dia a dia e Twitters da vida. Porém, ter a responsabilidade sobre aquilo que é dito e a consciência do que é publicado, a partir do momento em que se trabalha num veículo de comunicação que abrange a grande população, o banco acadêmico para o Jornalismo é fundamental.”
Felipe Casagrande, jornalista diplomado (Criciúma-SC)
Amo minha profissão!
“Essa é a minha profissão, que amo desde os meus 14 anos. Deixei o valor de um apartamento para os donos da universidade. Trabalhei em dois empregos ao mesmo tempo pra poder pagá-la. Sacrifiquei horas de sono pelo TCC e chorei na minha formatura e quando peguei meu diploma e meu registro profissional. Briguei pelos meus direitos, sofri vendo amigos discriminados, mesmo eles tendo diploma. E tudo isso pra saber agora, que todo meu sacrifício nesses oito anos de profissão foi derrubado por um bando de gente que só tem o interesse em baratear os custos de suas redações já que infelizmente a politicagem é dona da maior parte dos órgãos de comunicação dentro dos seus estados. Dessa vez choro de tristeza, de agonia e de raiva, por não saber o que fazer do meu amanhã. Esse infelizmente é o meu ridículo País. A ARTE DE SER JORNALISTA é para poucos. Eu tenho certeza disso. Ação Coletiva contra o governo Já... Já que pra eles a faculdade não forma o jornalista, e sim cozinheiros, quero o meu dinheiro de volta.”
Michelle Veiga, jornalista diplomada (natural de Santos-SP, mas radicada em Criciúma-SC)
E quem poderá sonhar a partir de agora?
"Quando eu era criança eu tinha um sonho. O sonho de ser uma jornalista. E para isso, era necessário estudar, fazer uma faculdade, conquistar um diploma. Para realizar este sonho, foram muitos obstáculos vencidos. Horas numa BR-101 não duplicada, correndo risco de morte e ainda pagando caro por isso. O meu esforço em realizar este sonho não tem preço e o orgulho de ter o diploma não valeria de nada se não tivesse aprendido, nos bancos da faculdade, a ética e responsabilidade necessárias para levar a informação com credibilidade ao leitor que estará ávido pela informação. O talento de saber escrever é o mínimo. Nem todo mundo que escreve uma redação para vestibular e tira 10, ou quem escreve artigos, um livro, ou sabe falar bem e tem desenvoltura em frente às câmeras ou aos microfones será um bom jornalista. Jornalismo é apurar, juntar fatos, versões, correr atrás dos acontecimentos. Como categoria, perdemos nossa dignidade. Como pessoa, vi transformado em pó tudo aquilo que almejei. Espero que os olhos da sociedade se abram e que esse momento, apesar de lamentável, um verdadeiro retrocesso, seja um primeiro passo para alguma mudança positiva."
Patrícia Nonnenmacher – Jornalista diplomada (Criciúma - SC)
Matéria atualizada às 18h19min (18-06-2009)
Mande sua opinião para os emails: maira@mairarabassa.com.br, mairarabassa@gmail.com, mairarabassa@hotmail.com ou então deixe seu comentário em nossa caixa de comentários aqui neste post. A LIBERDADE DE IMPRENSA AGRADECE SUA OPINIÃO!
2 comentários:
"diploma nao garante a qualidade do jornalista. Parabens STF"... "jornalista" do jornal de bairros de tubarão (sc)... espalhem a frase dele pros seus contatos .... da os emails dele tbm... esse cara nunca mais vai abri a boca p dize merda!
Muito legal o teu artigo.
Colocasse o ponto de vista, de várias pessoas.
Em cada frase, um só sentimento: Indignação!
Parabéns
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